terça-feira, 9 de novembro de 2010

Homenagem à Paty

Quero aproveitar este nosso espaço para homenagear a nossa amada Paty (Patrícia Miranda) que vem desenvolvendo um trabalho maravilhoso nos 5º anos com o seu projeto do PIBID. Na foto acima ela está apresentando o seu trabalho na MPU de 2010. Valeuuuuuuuu!!!!!!


domingo, 7 de novembro de 2010

Clima que temos no CAIC
















Este é o clima que temos no CAIC ... coleguismo, culturas diversificadas, otimismo e profissionalismo.

Um trabalho divertido com fantoches



O PIBID/PEDAGOGIA NAS TURMAS DOS 5º ANOS

Patrícia Miranda1

Belanir Ramos2

Danieli Formentim3

Milene da Silva Gautério4

Débora Sotter do Amaral5

Linhas de Trabalho Suzane da Rocha Vieira6

A) Experiências curriculares:

Grupos de trabalho:

Ensino - aprendizagem

B) Formação docente:

Grupos de trabalho:

Formação continuada - vivências de autoformação - reflexão sobre a própria prática.

1-CONTEXTO DO RELATO

Este relato reflexivo é sobre o trabalho realizado pelo PIBID/Pedagogia, junto às turmas dos 5º anos da Escola Municipal Cidade do Rio Grande, que integra o Centro Integrado de Apoio à Criança – CAIC, onde é desenvolvido o projeto.

Quando foi iniciado o PIBID/Pedagogia no CAIC, as turmas do 5º ano eram as que mais nos desafiavam, por agruparem os “maiores” do turno da tarde, crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos de idade e pela organização pedagógica por área, com horários estabelecidos para cada uma delas e com a atuação de três professoras por turma. A opção da instituição em organizar os 5º anos por área é algo novo na escola e está em fase de experimentação, tem como um dos objetivos reduzir o impacto causado pela transição para as séries finais do Ensino Fundamental, em que cada matéria possui um professor. Como a escola optou por não trabalhar com uma professora por turma, e organizou o currículo em 3 áreas ficando uma professora responsável por cada área, foi proposto que apenas 1 bolsista PIBID acompanharia todas as 3 turmas do 5º ano, e que desenvolvesse atividades nas três turmas. Com apoio da coordenadora dos anos iniciais da escola, ficou definida grade de horário uma hora aula para que esta licencianda pudesse desenvolver um projeto com cada turma.

2- DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

O projeto que está sendo realizado foi denominado “Desenvolvendo as Relações Humanas” e foi elaborado em conjunto com a coordenação pedagógica do CAIC e as professoras dos 5º anos. O tema foi escolhido a partir do relato das professoras que indicaram a necessidade de trabalhar aspectos como respeito, amizade, solidariedade, cooperação, entre outros, devido ao comportamento um tanto agressivo e desrespeitoso entre os próprios estudantes, e estes com os professores.

Por isso, está sendo importante propiciar no espaço educativo atividades que promovam relações humanas mais solidárias, uma vez que possibilitam aos educandos em seu processo formativo, conhecer-se, informar-se e desenvolver-se nas relações sociais.

O período em que a licencianda fica com a turma é caracterizado para o grupo como a aula de Relações Humanas, uma vez por semana a acadêmica desenvolve o trabalho com cada turma e procura utilizar metodologias alternativas como uso de vídeos, rodas de conversa, laboratório de informática, aulas na biblioteca, saídas de campo, entre outras para despertar o interesse das crianças e adolescentes para discutir as temáticas propostas.

Como a presença da acadêmica do PIBID na escola era algo novo, sentiu-se a necessidade de estabelecer uma relação de reciprocidade e confiança entre ela e as crianças e adolescentes das turmas do 5º ano, foi a partir disso, que se propôs a escrita de diários, individuais, nos quais cada um poderia registrar livremente assuntos de seu interesse e relacionados às suas histórias de vida. A idéia dos diários partiu da própria acadêmica que se baseou na história contada no filme “Escritores da Liberdade[1]”.

Segundo Souza, “o uso do diário reflexivo de leituras em situação escolar aponta pistas sobre um trabalho interpessoal, ou seja, acontecem novas situações de interação no ambiente escolar, provocando a instauração de novas/outras relações entre os interlocutores (2007, p.4). Com essa intenção, de promover um trabalho interpessoal e problematizar com os estudantes questões relacionadas às Relações Humanas que foi proposto a escrita dos diários.

No início do desenvolvimento do projeto de Relações Humanas, principalmente quando se propôs a escrita dos diários houve certo receio por parte de alguns alunos, o que consideramos aceitável e tratamos com normalidade. Porém, no decorrer das semanas, a cada encontro realizado com a acadêmica do PIBID a participação nas atividades propostas foi aumentando e alunos que diziam não escreveriam nos Diários, começaram a escrever e até entregar seus diários para que a licencianda lesse. Esse momento foi muito importante para todos envolvidos com o PIBID nos 5º anos, pois percebemos que o projeto estava dando certo e que as turmas estavam acolhendo a proposta.

3-ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO

Acreditamos que possibilitar a escrita livre aos alunos foi um passo importante para o sucesso do projeto e para conquistar a confiança deles. Os registros nos diários só podem ser lidos com a autorização do escritor e o diário deve ser entregue por ele mesmo. Com o desenvolvimento do projeto os alunos passaram a pedir para outros professores lerem seus diários.

O trabalho com os diários têm potencializado a relação entre professores e alunos, pois os registros ali encontrados trazem desabafos, medos, angústias, alegrias, histórias de vida marcadas muitas vezes pelo abandono e/ou pela violência. Assim, é necessário ser sensível à condição humana vivida pelos alunos, uma vez que “a empreitada de tornar o ser humano mais humano nunca foi tarefa fácil”. (ARROYO, 2004, p.48)

Nessa direção, temos observado que os fatos narrados têm sensibilizado os professores e a licencianda que passam a enxergar cada menino e menina a partir da sua trajetória e perceber que muitas vezes seu comportamento arredio pode ser encarado com defesa ou mesmo fruto de um contexto social e familiar. Além disso, os alunos se sentem ouvidos, respeitados, percebem que a escola se preocupa com eles.

A partir da leitura de autores que defendem a importância de uma escuta sensível, entendemos que no Projeto “Desenvolvendo as Relações Humanas”, estamos não só ouvindo, mas também realizando uma leitura sensível, na busca de compreender e respeitar o outro. Para Barbier (1998), a escuta sensível está articulada com a capacidade dos professores compreenderem seus alunos por “empatia” e não se fixarem em interpretações de fatos. Ao estar aberto para conhecer, sentir, ouvir e ler o outro, acreditamos que se torna possível entender suas atitudes, comportamentos, idéias, valores, em um exercício de alteridade.

Nesse período em que o projeto está sendo desenvolvido, percebemos o quanto os alunos estão engajados na escrita dos diários e como esse processo tem fomentado novas relações no cotidiano escolar, a partir de uma convivência mais tolerante, respeitosa e amigável.

4-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa experiência tem propiciado às professoras e a futura professora a refletirem sobre o cotidiano educativo e a importância do desenvolvimento de práticas pedagógicas que vão ao encontro dos interesses dos alunos. Ao mesmo tempo, o grupo tem se questionado a respeito do papel da escola, entendendo que esta precisa ser promotora de valores essenciais para a formação humana, indo além do processo ensino-aprendizagem dos conteúdos conceituais.

Nesse sentido concordamos com Moreira e Almeida que

O papel social da escola é muito importante, pois se delegou aos educadores o trabalho de formar o aluno para a vida, o que leva a refletir sobre a imensa responsabilidade dessa tarefa. Não se pode simplesmente garantir igualdade nas oportunidades, mas sim, efetivamente, garantir a igualdade de condições, para que não se reproduza a exclusão dentro da escola (s/a, p.5)

Desse modo, entendemos que o PIBID/Pedagogia possui um importante papel no processo de formação inicial e continuada de professores por meio da problematização de vivências cotidianas em sala de aula e de seus significados teórico-prático, já que se propõe a auxiliar na formação de alicerces para uma ação docente sempre (re)construtora e reflexiva e contribuindo, assim, para o inacabado processo de constituir-se professor.

5-REFERÊNCIAS

ARROYO, M. Imagens Quebradas – Trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 2004

BARBIER, R. A escuta sensível na abordagem transversal. São Carlos: UFSCar, 1998.

MOREIRA, M.H.Z. e ALMEIDA, J.A.M. .Educação Complementar: Contribuições Para A Formação Humana No Espaço Escolar. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/864-4.pdf Acesso em 30 de agosto de 2010.

SOUZA, R. F. M. O Diário Reflexivo de Leituras: Dialogismo e Interação. In: Anais do 16º Congresso de Leitura do Brasil. Campinas, 2007. Disponível em: http://www.alb.com.br/anais16/sem11pdf/sm11ss14_02.pdf Acesso em 30 de agosto de 2010.



[1] Filme de Richard Lagravenese, lançado em 2007, que aborda o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Ao perceber os grandes problemas enfrentados pelos estudantes, a professora Erin resolve adotar novos métodos de ensino e propõe a escrita de diários.

Constituindo-se professor no PIBID/Pedagogia: uma experiência nas turmas de 5º anos no CAIC

Constituindo-se professor no PIBID/Pedagogia: uma experiência nas turmas de 5º anos no CAIC

Belanir Ramos[1]

Débora Sotter do Amaral[2]

Patrícia Miranda[3]

Suzane da Rocha Vieira[4]

O presente artigo tem por objetivo refletir a respeito da importância do Programa Institucional de bolsa de incentivo à Docência – PIBID para a formação inicial de professores a partir da experiência do PIBID/Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, e, em especial por meio do relato reflexivo do trabalho realizado junto às turmas dos 5º anos da Escola Municipal Cidade do Rio Grande, que integra o Centro Integrado de Apoio à Criança – CAIC, onde é desenvolvido o projeto.

O PIBID é um programa que se originou no âmbito do Ministério da Educação e atualmente está vinculado à Diretoria de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de nível superior – CAPES. Tem como propósito fomentar projetos que incentivem os estudantes dos cursos de licenciatura a seguir a carreira docente. A participação no programa se dá por meio de projetos institucionais encaminhados pelas instituições de ensino superior que apresentem propostas que visem qualificar a formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica.

Desde 2008, a FURG participa deste programa, inicialmente com projetos que envolvem os cursos de licenciatura em Química, Matemática, Física e Ciências Biológicas. Em 2009, por meio do Edital nº 2 da CAPES/DEB, outras licenciaturas foram contempladas com o programa, entre elas: Artes Visuais. Letras – Português/Inglês, Letras – Português/Espanhol, Letras – Português, História e Pedagogia.

Cada licenciatura apresenta um subprojeto, o qual possui sua proposta pedagógica articulada a um projeto institucional. Na FURG, o PIBID Institucional tem como princípio que a docência não se dá no isolamento, mas na interação entre os pares, assim o projeto propõe a constituição de comunidades aprendentes, nas quais a formação docente ocorre por meio do diálogo, da leitura e da escrita, em um verdadeiro processo de formação pela pesquisa (GALIAZZI, 2003). Todos os projetos são desenvolvidos junto à escolas públicas do município do Rio Grande e suas ações são articuladas pelo projeto institucional através da escrita de portfólios e do uso da Plataforma Moodle, na qual ocorre o registro das ações desenvolvidas em todos os subprojetos, bem como o debate e a produção escrita de artigos dos licenciandos bolsistas e professores supervisores e formadores.

Neste contexto, se insere o projeto do PIBID da Pedagogia. Cabe salientar que a licenciatura em Pedagogia apresenta características distintas com relação às demais licenciaturas, pois o professor da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental é responsável por uma turma na escola, a qual acompanha todos os dias. Assim, em nosso subprojeto propomos que o PIBID/Pedagogia fosse desenvolvido em uma única escola no município do Rio Grande, e que tivéssemos 21 licenciados bolsistas, ficando um para cada turma da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Tendo em vista que o projeto foi elaborado e encaminhado à CAPES no ano de 2009 e teve início no ano de 2010, alguns ajustes precisaram ser feitos para a sua execução devido a organização da escola. Desse modo, todas as turmas da escola do 1º ano, 2º ano, 3º ano e 4º ano ficaram com um licenciando bolsista acompanhando o trabalho da professora regente e desenvolvendo um projeto pedagógico pensado junto com a professora supervisora para cada ano. Já com relação à Educação Infantil apenas 4 das 6 turmas ficaram com acompanhamento de um licenciando bolsista e nas turmas dos 5º anos, como a escola optou por não trabalhar com uma professora por turma, e organizou o currículo em 3 áreas ficando uma professora responsável por cada área, propusemos que apenas 1 bolsista PIBID acompanharia todas as 3 turmas do 5º ano.

O PIBID/Pedagogia foi pensado e planejado a partir de uma perspectiva que busca contribuir para o ensino escolar e para a formação inicial e continuada de professores, por meio do diálogo e práticas reflexivas de formação. Sua plataforma de ação está organizada a partir da discussão de quatro temas/eixos que perpassarão todas as atividades propostas, quais sejam: formação docente, alfabetização, infância e metodologias de ensino.

Nossa intenção é articular a formação inicial e continuada, e, para isso, valorizaremos os saberes da experiência dos professores e promoveremos uma rede de interlocuções entre escola e universidade, na medida em que nossos licenciados estão experienciando o contexto escolar supervisionados por professores da rede básica de ensino. Acreditamos que desenvolver a formação inicial e continuada de maneira articulada, nos propusemos, oportunizará aos licenciandos uma melhor compreensão da realidade educacional, a partir do cotidiano escolar e da vivência de princípios, fins, objetivos e formas de organização, relacionando-a com os diversos contextos históricos e identificando os mecanismos de acesso, permanência ou exclusão, no que diz respeito ao processo de educação formal.

Segundo Pimenta (2005), as pesquisas em relação á formação inicial de professores/as vêem demonstrando que os cursos de formação desenvolvendo currículos com conteúdos e estágios distantes da realidade das escolas pouco tem contribuído para construir uma nova identidade do profissional docente, e dentro desse contexto se faz necessário novos caminhos para a formação docente, assim como a discussão sobre a identidade profissional e os saberes da docência. Com esse entendimento, nos fundamentamos na afirmação de Nóvoa que diz:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. (1995, p. 25)

Destacando a importância da reflexividade e dos saberes experienciais na formação inicial e continuada de professores que propomos o desenvolvimento do PIBID/Pedagogia na FURG.

O PIBID/Pedagogia nas turmas dos 5º Anos

Quando iniciamos o PIBID/Pedagogia no CAIC, as turmas do 5º ano eram as que mais nos desafiavam, por agruparem os “maiores” do turno da tarde, crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos de idade e pela organização pedagógica por área, com horários estabelecidos para cada uma delas e com a atuação de três professoras por turma. A opção da instituição em organizar os 5º anos por área é algo novo na escola e está em fase de experimentação, tem como um dos objetivos reduzir o impacto causado pela transição para as séries finais do Ensino Fundamental, em que cada matéria possui um professor.

Face à organização diferenciada dos 5º anos, optamos por não ter uma licencianda bolsista em cada turma, e propusemos que uma única acadêmica PIBID desenvolvesse atividades nas três turmas. Com apoio da coordenadora dos anos iniciais da escola, definimos na grade de horário uma hora aula para que esta licencianda pudesse desenvolver um projeto com cada turma.

O projeto que está sendo realizado pela acadêmica bolsista do PIBID foi denominado “Desenvolvendo as Relações Humanas” e foi elaborado em conjunto com a coordenação pedagógica do CAIC e as professoras dos 5º anos. O tema foi escolhido a partir do relato das professoras que indicaram a necessidade de trabalhar aspectos como respeito, amizade, solidariedade, cooperação, entre outros, devido ao comportamento um tanto agressivo e desrespeitoso entre os próprios estudantes, e estes com os professores.

No entanto, cabe salientar que entendemos que o trabalho com as relações humanas não servirá apenas para promover uma mudança comportamental, mas também é uma importante temática se queremos formar cidadãos. Nesse sentido,

é necessário construir um conceito mais amplo de ensino, centrado na natureza humana, procurando desenvolver saberes necessários a formação do homem, enquanto cidadão e profissional, sujeito responsável pela mudança tão almejada por todos, que busca entender e agir coerentemente com uma nova sociedade que emerge da história, com capacidade de “ler o mundo”, o mundo das relações humanas, do trabalho a serviço de uma sociedade livre, o mundo que está em constante evolução (MOREIRA e ALMEIDA, s/a, p.3).

Por isso, entendemos ser importante propiciar no espaço educativo atividades que promovam relações humanas mais solidárias, uma vez que possibilitam aos educandos em seu processo formativo, conhecer-se, informar-se e desenvolver-se nas relações sociais.

O período em que a licencianda fica com a turma é caracterizado para o grupo como a aula de Relações Humanas, uma vez por semana a acadêmica desenvolve o trabalho com cada turma e procura utilizar metodologias alternativas como uso de vídeos, rodas de conversa, laboratório de informática, aulas na biblioteca, saídas de campo, entre outras para despertar o interesse das crianças e adolescentes para discutir as temáticas propostas.

Como a presença da acadêmica do PIBID na escola era algo novo, sentiu-se a necessidade de estabelecer uma relação de reciprocidade e confiança entre ela e as crianças e adolescentes das turmas do 5º ano, foi a partir disso, que se propôs a escrita de diários, individuais, nos quais cada um poderia registrar livremente assuntos de seu interesse e relacionados às suas histórias de vida. A idéia dos diários partiu da própria acadêmica que se baseou na história contada no filme “Escritores da Liberdade[5]”.

Segundo Souza, “o uso do diário reflexivo de leituras em situação escolar aponta pistas sobre um trabalho interpessoal, ou seja, acontecem novas situações de interação no ambiente escolar, provocando a instauração de novas/outras relações entre os interlocutores (2007, p.4). Com essa intenção, de promover um trabalho interpessoal e problematizar com os estudantes questões relacionadas às Relações Humanas que foi proposto a escrita dos diários.

No início do desenvolvimento do projeto de Relações Humanas, principalmente quando se propôs a escrita dos diários houve certo receio por parte de alguns alunos, o que consideramos aceitável e tratamos com normalidade. Porém, no decorrer das semanas, a cada encontro realizado com a acadêmica do PIBID a participação nas atividades propostas foi aumentando e alunos que diziam não escreveriam nos Diários, começaram a escrever e até entregar seus diários para que a licencianda lesse. Esse momento foi muito importante para todos envolvidos com o PIBID nos 5º anos, pois percebemos que o projeto estava dando certo e que as turmas estavam acolhendo a proposta.

O projeto proposto tem como premissa que o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (FREIRE, 2008). Assim, acreditamos que possibilitar a escrita livre aos alunos foi um passo importante para o sucesso do projeto e para conquistar a confiança deles. Os registros nos diários só podem ser lidos com a autorização do escritor e o diário deve ser entregue por ele mesmo. Com o desenvolvimento do projeto os alunos passaram a pedir para outros professores lerem seus diários.

O trabalho com os diários têm potencializado a relação entre professores e alunos, pois os registros ali encontrados trazem desabafos, medos, angústias, alegrias, histórias de vida marcadas muitas vezes pelo abandono e/ou pela violência. Assim, é necessário ser sensível à condição humana vivida pelos alunos, uma vez que “a empreitada de tornar o ser humano mais humano nunca foi tarefa fácil”. (ARROYO, 2004, p.48)

Nessa direção, temos observado que os fatos narrados têm sensibilizado os professores e a licencianda que passam a enxergar cada menino e menina a partir da sua trajetória e perceber que muitas vezes seu comportamento arredio pode ser encarado com defesa ou mesmo fruto de um contexto social e familiar. Além disso, os alunos se sentem ouvidos, respeitados, percebem que a escola se preocupa com eles.

A partir da leitura de autores que defendem a importância de uma escuta sensível, entendemos que no Projeto “Desenvolvendo as Relações Humanas”, estamos não só ouvindo, mas também realizando uma leitura sensível, na busca de compreender e respeitar o outro. Para Barbier (1998), a escuta sensível está articulada com a capacidade dos professores compreenderem seus alunos por “empatia” e não se fixarem em interpretações de fatos. Ao estar aberto para conhecer, sentir, ouvir e ler o outro, acreditamos que se torna possível entender suas atitudes, comportamentos, idéias, valores, em um exercício de alteridade.

Nesse período em que o projeto está sendo desenvolvido, percebemos o quanto os alunos estão engajados na escrita dos diários e como esse processo tem fomentado novas relações no cotidiano escolar, a partir de uma convivência mais tolerante, respeitosa e amigável.

Essa experiência tem propiciado professoras e futura professora a refletirem sobre o cotidiano educativo e a importância do desenvolvimento de práticas pedagógicas que vão ao encontro dos interesses dos alunos. Ao mesmo tempo, o grupo tem se questionado a respeito do papel da escola, entendendo que esta precisa ser promotora de valores essenciais para a formação humana, indo além do processo ensino-aprendizagem dos conteúdos conceituais.

Nesse sentido concordamos com Moreira e Almeida que

O papel social da escola é muito importante, pois se delegou aos educadores o trabalho de formar o aluno para a vida, o que leva a refletir sobre a imensa responsabilidade dessa tarefa. Não se pode simplesmente garantir igualdade nas oportunidades, mas sim, efetivamente, garantir a igualdade de condições, para que não se reproduza a exclusão dentro da escola (s/a, p.5)

Na esteira desse pensamento, que o PIBID/Pedagogia inseriu-se nas turmas do 5º ano do CAIC.

Considerações Finais

A inclusão do PIBID no curso de Pedagogia foi, e está sendo, de fundamental importância para a iniciação da prática docente das bolsistas licenciandas envolvidas. O entrosamento na escola e o envolvimento no processo educativo das crianças e adolescentes que estudam no CAIC têm feito toda a diferença na constituição profissional das futuras professoras, ao propiciar o trabalho com o cotidiano educativo.

A experiência relatada neste artigo atende dois dos eixos propostos para o subprojeto do PIBID/Pedagogia, contempla a formação de professores e as metodologias de ensino. No que se refere à formação de professores esta vem sendo trabalhada de maneira articulada entre a formação inicial e continuada, a partir de reuniões de estudo e discussão. Já no que tange a questão metodológica, o projeto desenvolvido nas turmas do 5º ano propõe o uso de metodologias alternativas que potencializem a participação, autonomia e a construção de conhecimentos pelos estudantes envolvidos.

O tempo destinado ao desenvolvimento do subprojeto tem sido aproveitado ao máximo para conhecer, aprender e se envolver com a escola e com as temáticas que surgem ao longo do desenvolvimento do projeto. As licenciandas bolsistas salientam a liberdade oportunizada pela escola para o desenvolvimento das atividades do PIBID, bem como o respeito e amizade entre as acadêmicas da pedagogia e as professoras que potencializa os processos de reflexão.

Desse modo, entendemos que o PIBID/Pedagogia possui um importante papel no processo de formação inicial e continuada de professores por meio da problematização de vivências cotidianas em sala de aula e de seus significados teórico-prático, já que se propõe a auxiliar na formação de alicerces para uma ação docente sempre (re)construtora e reflexiva e contribuindo, assim, para o inacabado processo de constituir-se professor.

Referências

ARROYO, M. Imagens Quebradas – Trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 2004.

BARBIER, R. A escuta sensível na abordagem transversal. São Carlos: UFSCar, 1998.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. São Paulo. Paz e Terra, 2008.

FURG. Projeto Institucional do PIBID/FURG. 2007.

FURG. Projeto Institucional do PIBID/FURG. 2009a.

______. Subprojeto PIBID/ Pedagogia. 2009b.



[1] Professora dos anos iniciais na Escola Municipal Cidade do Rio Grande – CAIC/FURG. Especialista em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Professora Supervisora do PIBID/Pedagogia. E-mail: belanirramos@yahoo.com.br

[2] Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Cidade do Rio Grande – CAIC/FURG. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas – UFPEL. E-mail: deborasotter@yahoo.com.br

[3] Acadêmica do 2º ano do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, bolsista PIBID. E-mail: patriciamirandastrg@hotmail.com

[4] Professora Assistente do Instituto de Educação e Coordenadora Adjunta do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Doutoranda em Educação Ambiental pela FURG. E-mail: suzanevieira@furg.br

[5] Filme de Richard Lagravenese, lançado em 2007, que aborda o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Ao perceber os grandes problemas enfrentados pelos estudantes, a professora Erin resolve adotar novos métodos de ensino e propõe a escrita de diários.

sábado, 30 de outubro de 2010

5º ANO CAIC - PIBID

Este Blog terá como objetivo mpliar as formas de registro de nossas práticas pedagógicas em três turmas de 5º Ano do Ensino Fundamental da E.M.E.F. Cidade do Rio Grande.